Cláudia G. S. Rodrigues*
O
substantivo semente sempre me remete ao verbo semear, verbo que traz o
significado de trabalho, cuidado. O trabalho, ou melhor, a profissão de
educadora me provoca este pensamento alegórico de plantio, semeadura…
O
dente-de-leão quando se desprende de seu caule e voa com o vento, leva suas sementes
a campos onde germinarão; e exatamente por crer nos “ventos” atuais da educação
que decidi criar uma analogia entre os meus projetos pedagógicos e a florzinha
do campo.
Os
campos da educação comum, regulada pela LDBEN 9394/96,estão sendo inseminados
por sementes que às vezes chegam nos ventos da acolhida,dos desafios, da
inclusão... muitos, ou quase todos os “jardineiros” (educadores) são pegos de
surpresa; alguns tantos até questionam a lei,reclamam pois sentem-se
despreparados para educar sem modelos; é preciso nos distanciarmos da
“pedagogia da culpa”,pois o que não se sabe, pode-se aprender; ao nos
apropriarmos dos conhecimentos que estão sendo construídos e veiculados de
forma bastante democrática,edificaremos a “pedagogia do entusiasmo”.
Numa
visão holística, podemos descrever os campos da educação como espaços de
canteiros bem definidos onde toda semente que esteja destoando será arrancada
como erva daninha; um campo de monocultura. Mas as sementes vêm no vento, nos
bicos dos passarinhos, nas patinhas das abelhas e chegarão ao “campo comum” e
relembrando que substantivos nos remetem a verbos que darão ação aos
pensamentos,do cultivo buscaremos cultivar as novas teorias da
aprendizagem;com experiência na área da educação, vamos experimentar
novas formas de aprender e ensinar e a busca por respostas nos propõe buscar
novos caminhos ou nova forma de caminhar...
Este
é o desafio que me move na educação: campos de “rosas” recebendo sementes de
“flores do campo”. Se o(a) jardineiro(a) só sabe cultivar rosas, é hora de
aprender a lidar com outras flores; fazer outros arranjos florais e o dente-de-leão
me remete à necessidade de aprender sobre a plasticidade cerebral ; sobre as
características do trabalho de mediação ; entender e identificar a privação
cultural ; compreender e acreditar que todos aprendem, apesar de...
A
liberdade das sementes ao vento, o otimismo e esperança nas capacidades das pessoas, inclusive a minha e, principalmente a fé ( crença naquilo em que não se vê) na
intencionalidade e reciprocidade nos trabalhos de mediação pedagógica, são as
forças que movem meu ideal de educação.
Creio
e trabalho para que nos campos da educação, tenhamos todos os tipos de flores,
vários canteiros formados e muitos jardins naturais a serem cultivados; que
todas as flores tenham espaço nas
ornamentações;que as floriculturas tenham mercado para todas as formas e cores.
O
meu, o nosso papel como educadores/mediadores/jardineiros, é o de acolher as
várias sementes, semeá-las, cultivá-las e, no tempo certo, nos deliciarmos com
a produção e assim realizar uma bela colheita.
* Professora,
pedagoga, psicopedagoga e mestre em educação – Gestão Educativa
Orientadora Educacional na ENSA - RSE Ponte
Nova - MG
** Artigo publicado na
revista Linha Direta – junho/2013 p. 34-5