quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sugestões de vídeos

Se você quer  refletir sobre a inclusão educacional; se quer sensibilizar os educadores e pais , sugiro que trabalhe com os vídeos:

  • Como estrelas na terra - Dislexia
  • O 8º dia - Síndrome de Down
  • Meu nome é Rádio - Deficiência Intelectual
  • Nenhum a menos - Inclusão social
  • A corrente do bem - Transtornos comportamentais

Proposta de leitura e discussão

Caros amigos, quero convidá-los a ler meu livro de reflexões sobre a ação pedgógica. Vocês podem lê-lo, gratuitamente, no endereço: http://www.bookess.com/read/14702-educacao-acao-e-reflexao-educativas/ Façam apreciações, comentários,complementações. Abraços


domingo, 9 de setembro de 2012


A liquidez de valores e a vivência ética


Cláudia Gomes S. Rodrigues*

 

          Vivenciamos tempos de muita informação, rápidas comunicações e, consequentemente, nossa “caixa de ferramentas” para a convivência social nem sempre traz utensílios apropriados para este uso.

           Já bem disse Adélia Prado que “sem o corpo a alma não goza”, verdade. O nosso corpo é a morada de nossos desejos, nossas angústias e determinações; é aí que se encontra a alma - revestida de valores - que possibilitam o gozo da vida, ou não.

          É exatamente aí, nesta “alma” guardada em um corpo, que moram os meus questionamentos: em um mundo de moralidade líquida, desejos e necessidades que se distanciam, onde o gozo da realização nem sempre está próximo aos comportamentos de alteridade, solidariedade e cidadania, como vivenciar um profissionalismo ético?

        A sociedade mundial, vivenciando a globalização econômica, política e moral, muitas vezes esquece-se que as partes – individualidades – constroem o todo que a maioria vê. Além do “jeitinho brasileiro” (poder não pode, mas sempre se dá um jeito), existe uma postura de defesa aos conceitos e normas vivenciadas em uma sociedade de princípios líquidos que tomam a forma que lhe apresentam. Isto é ético?É imoral?É preciso diferenciar ética e moral: Pois esta é um conjunto de regras estabelecido socialmente e aquela se ocupa da reflexão sobre os princípios que norteiam a vida social; assim, é questão ética discutirmos a liquidez dos valores morais.

          A dinâmica social nos atribui cargos e funções, aos quais vivenciamos mediante a valoração que fazemos ao estabelecermos relação com o objeto valorado e estabelecermos um juízo de valor; este valor está intimamente associado ao conjunto de regras sociais; temos a moral.

          Estabelecida uma dinâmica de valoração é preciso refletir sobre a crescente ideia de liquidez da sociedade política, econômica e a relação interpessoal atual. O confronto contínuo entre a moral constituída – valores herdados - e a moral constituinte – crítica aos valores ultrapassados, nem sempre garante uma progressão moral, nem uma vivência ética. Uma pessoa só justifica sua presença ética a partir do momento em que é consciente de si e dos outros; é dotado de vontade, controlando seus desejos e tendências; quando é responsável, respondendo por seus atos e, finalmente, quando é livre, dando a si mesmo as regras de conduta.

          É necessário um corpo para o gozo da alma, isto justifica a urgência do bom uso das “ferramentas” para a concretização de nossos desejos; a polêmica está no fato de que a sociedade vigente apresenta princípios líquidos que tomam formas tendenciosas, nem sempre defendidas pela maioria; maioria que se cala não por falta de informação, mas de conhecimento,  sobre o real e ideal uso das “ferramentas” da sociedade.

          A vivência ética nesta sociedade de princípios líquidos exige uma “caixa de ferramentas” que ao ser aberta traga: responsabilidade, lealdade, honestidade, sigilo, competência, prudência, coragem, perseverança, compreensão, humildade, imparcialidade, otimismo e disciplina.

           É no uso destas “ferramentas” que o sujeito ético torna-se um cidadão, um profissional que constitui uma existência ética, que independente da liquidez dos ideais a ele propostos, irá adequá-los às formatações que seus valores morais lhe apresentam.

          Saber o que está em nosso poder, não nos deixarmos leva pelas circunstâncias, instintos ou vontades alheias, afirmam nossa independência e autodeterminação – traça nossa conduta ética.

*Professora com experiência do Fundamental I à graduação, lecionou filosofia para cursos de formação de professores; especialização em psicopedagogia e mestranda em educação.



Recursos Bibliográficos:

ARANHA, Mª Lúcia de Arruda e Mª Helena P. Martins- Temas de Filosofia –    Ed. Moderna

CHAUÍ, Marilena – Convite à Filosofia, Ed. Ática, 1995.    Filosofia - Ed. Ática, 2000

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Líder da Classe


 




http://sobreeducacao.blogspot.com.br/2012/03/o-lider-da-classe.html#links

Quem cortou o nó górdio? - Jô Soares




Um professor de História suíço veio ao Brasil para avaliar o nível do nosso ensino. Assim que chegou, pediu para ser levado a uma das melhores escolas públicas de nossa cidade.
Entrou na sala de aula que abrigava a turma mais preparada e dirigiu-se ao melhor aluno da classe:
- Quem cortou o nó górdio?
- Juro que não fui eu, moço. Nem ninguém aqui da sala. Pode ser alguém do colégio, mas colega meu não foi. Ponho a mão no fogo por eles.
Horrorizado, o suíço contou o ocorrido para a professora:
- Imagine a senhora que eu perguntei àquele jovem quem foi que cortou o nó górdio e ele me respondeu que não foi ele. Garantiu também que não foi nenhum menino que conheça.
A professora retrucou:
- Bom, se ele disse que não foi ele, o senhor pode acreditar. Esse rapaz, além de muito estudioso, é incapaz de uma mentira.
Assombrado, o professor suíço entrou no gabinete da diretora do colégio:
- Francamente, não sei o que se está passando. Perguntei ao melhor aluno da turma mais preparada quem tinha cortado o nó górdio; ele me assegurou que não foi ele nem nenhum dos seus amigos. Contei o episódio para a professora e ela corroborou a versão do aluno!
A diretora, indignada com o fato, adiantou:
- Meu caro senhor, se a professora confirmou, é porque é verdade. Ela conhece muito bem os seus alunos e é uma pessoa da maior idoneidade. Há anos que trabalha no nosso estabelecimento. O jovem em questão tem muito caráter. Se tivesse sido ele, confessaria na hora. Se fosse o Juquinha, um ruivinho sardento, eu nem diria nada, porque ele é muito mentiroso.
Pasmo, o professor de História suíço deixou o educandário e foi procurar o político que o havia convidado para vir ao Brasil. Depois de ouvir atentamente o relato do estrangeiro, ele explicou:
- Meu querido professor, o senhor não está na Suíça. Aqui, o nível de ignorância e despreparo ainda é muito grande. Nós temos de começar tudo praticamente do zero. Está vendo as dificuldades que enfrentamos? Mas não quero que o senhor volte ao seu país levando uma má impressão. Se alguém cortou mesmo esse tal de nó górdio, e dá para consertar, diga logo de quanto foi o prejuízo eu pago do meu próprio bolso.
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Glossário

GÓRDIO - Rei da Frígia, antiga Ásia Menor.

NÓ GÓRDIO - Nó que é impossível de ser desatado.

CORTAR O NÓ GÓRDIO - Resolver uma grande dificuldade com rapidez e ou violência.

(Segundo a lenda, o nó górdio prendia o timão ao jugo da carreta do rei Górdio, da Frígia e quem o desatasse seria o senhor da Ásia. Alexandre Magno, diante do nó, por volta de 330 A.C., cortou-o com sua espada e invadiu a Ásia.)
(Jô Soares, Revista


quarta-feira, 9 de maio de 2012

A construção da autonomia: uma conquista para toda a vida –



Telma P. Vinha
Faculdade de Educação – UNICAMP

Conversando com professores e pais percebemos um crescente sentimento de preocupação com algumas atitudes de nossas crianças e  jovens contrárias aos princípios morais. São relatadas condutas ofensivas como agressões, descaso, vandalismo, preconceito e humilhações. Muitos se perguntam o que pode ter levado uma criança   que parecia ter um “bom comportamento” a agir daquela maneira quando não estava sendo observada ou quando julgou que não seria punida. A indisciplina dos alunos, além de interferir diretamente na qualidade do ensino, tem sido apontada, por diversos estudos, como um dos fatores de desmotivação com a carreira do professor. Como medida para contê-la, muitos defendem o policiamento intensivo e permanente dos alunos e a adoção de medidas mais duras em relação ao comportamento, incluindo expulsão ou comunicação ao Juizado da Infância e da Juventude. Outros sugerem a contratação de mais funcionários e a implantação de projetos de conscientização e valorização da escola, envolvendo pais, alunos e comunidade. Se, por um lado, todos os educadores gostariam de que seus alunos respeitassem as regras, por entendê-las como necessárias para o convívio em sociedade, percebemos que a insegurança e o despreparo diante dessas situações os têm levado a adotar soluções temporárias e pontuais como mecanismo de contenção de conflitos. Inúmeras escolas, por exemplo, dão advertência e suspensão como procedimento disciplinar nas agressões físicas. Todavia, questionamos o que o aluno aprendeu ao receber tal “penalidade”. Será que a partir delas desenvolveu formas não violentas de expressar seus sentimentos? Ou estratégias mais cooperativas e justas para resolver seus conflitos? Provavelmente aprendeu apenas que deve evitar brigar dentro da escola. É o bom e velho “te pego lá fora”. É visível que algo não está funcionando bem nesse formato. A criança fica sob nossa tutoria por anos, então por que não estamos conseguindo ajudá-la a identificar seus sentimentos de raiva ou rancor e a expressá-los de forma a não causar danos maiores? Por que não estamos conseguindo ensinar nossos jovens a resolver os conflitos de forma mais elaborada, por meio do diálogo? Será que estamos apenas controlando seus comportamentos de forma a evitar o conflito no espaço escolar? Será que realmente, como afirmam muitos especialistas, não temos nada a ver com o que ocorre fora dos muros da escola? Não queremos formar jovens desrespeitosos ou que são “educados” apenas diante de contenção, recompensa ou vigilância. Pessoas assim agem por conformismo, medo, obediência acrítica a uma autoridade, ou ainda por necessidade de agradar o outro. Queremos jovens que saibam interagir nas mais diversas situações seguindo critérios e regras morais próprios, que levem em consideração o sentimento, as necessidades e as perspectivas de si mesmos e dos demais participantes. Gostaríamos que os alunos entendessem as regras como necessárias na organização dos trabalhos e para que haja justiça, harmonia e respeito nas relações. E que estas devam ser seguidas sem expectativa de um retorno concreto por isso.

O desenvolvimento da autonomia moral

Segundo a teoria construtivista de Jean Piaget, os valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais. Assim, a moralidade não se aprende por meio da transmissão verbal. Ela se desenvolve em estreita conexão com o meio social, num processo de construção contínua. Para Piaget, a questão da moralidade não reside somente no cumprimento de normas e regras, e sim nos motivos de as seguirmos. Assim, duas pessoas podem não furtar por motivos distintos. Uma, por medo de ser pega. A outra por entender que os objetos não lhe pertencem. Ambas não furtaram, mas a motivação foi muito distinta. É nessa motivação que reside o valor moral da ação. A criança nasce na anomia, isto é, na ausência total de regras e leis. Mais tarde, aos 3 ou 4 anos, quando começa a perceber a si própria e aos outros, entendendo que há coisas que podem ou não ser feitas, torna-se heterônoma. No sujeito heterônomo, a fonte de obediência é exterior. Ele sente-se obrigado a obedecer às pessoas que consideram dotadas de autoridade, submetendo-se aos valores de sua comunidade de acordo com as circunstâncias, com valores próprios pouco conservados, pois a regulação é externa. Isto significa que em alguns contextos, a pessoa segue determinados valores e em outros não. E como o que a regula são fatores externos, seu comportamento pode se transformar, quando os fatores externos mudam. Voltemos ao exemplo de quem furta. A pessoa que se regula pelo medo de ser pega (heterônoma) pode vir a cometer o delito na ausência de vigilância ou do medo de ser punida (fator regulador externo). A partir dos 8 anos, com a entrada no período operatório concreto, a criança tem a possibilidade de desenvolver sua autonomia. Nós, adultos, temos simultaneamente as duas tendências morais, autônoma e heterônoma em níveis diferentes. O indivíduo autônomo é aquele que deixa de legitimar a regra pela simples autoridade, e sim mas por entendê-la como um contrato entre iguais. Ele segue um código de ética interno, obrigando-se a considerar o outro além de si, passando então a praticar a auto-regulação. Assim, não importa o fator externo, pois são seus valores íntimos que norteiam seu comportamento. “Eu não furto porque não pego algo que não é meu.”

O ambiente de desenvolvimento sociomoral[1]

Inúmeros estudos indicam que as escolas influenciam de modo significativo a formação moral de crianças e jovens. Não devemos minimizar a influência da família, mas precisamos modificar a crença reducionista e cômoda de que a escola é impotente diante dela. A moralidade, como vimos anteriormente, desenvolve-se em estreita relação com o meio, dependendo da qualidade das relações sociais. Ora, se a criança e o jovem passam grande parte de sua vida interagindo dentro de uma instituição de ensino, desenvolvendo relações baseadas em normas, comportamentos e em conceitos ali estabelecidos, como ignorar a influência do ambiente escolar neste processo? Consciente ou não, a escola sempre atuará no desenvolvimento da moralidade de seus alunos. Contudo, ainda são poucas as que os conduzem em direção à autonomia.

Piaget considera que a autonomia não se desenvolve em uma atmosfera de autoridade, opressão intelectual e moral. Também não se dá por discursos, sermões, sanções, normas ou atividades estéreis. Ao contrário, para que ela ocorra, são fundamentais as vivências em situações de cooperação, liberdade de pesquisa, respeito mútuo e também a experiência de vida. É a partir dessas trocas que a criança desenvolve sua personalidade, percebendo aos poucos que as pessoas têm diferentes necessidades e maneiras de pensar e agir. Nenhuma escola quer formar alunos acríticos, obedientes, submissos ou heterônomos. Todavia, no cotidiano das famílias e das escolas, os adultos utilizam procedimentos que levam as crianças e jovens a se submeterem às normas porque uma autoridade que sabe o que é “melhor para elas” assim o quer. Esses caminhos levam mais à obediência do que à autonomia. Assim, encontramos comumente nas escolas a imposição de regras tolas e desnecessárias (“não usar modismos, não conversar sem a autorização do professor”), normas que não se flexibilizam (“não posso deixar você entrar sem uniforme, mesmo sabendo que caiu achocolatado na sua camiseta e você estava na casa de seu pai, onde não há outra camiseta para você trocar”), ou normas embasadas na mera obediência da autoridade (“não pode usar boné porque é regra da escola”). Para que tais normas sejam cumpridas, são empregados procedimentos exteriores (recompensa, censuras, ameaças, vigilância ou punição), reforçando a submissão e a obediência acrítica. Esses procedimentos dificultam a compreensão do motivo das regras, podendo em longo prazo apresentar efeitos indesejados, pois dificultam que o jovem construa suas próprias razões internas para seguir as regras morais. Para haver legitimação, é importante que o educar faça o cumprimento das normas corresponder a uma sensação de bem-estar, de satisfação interna, de orgulho ao respeitá-las, e também que promova a reflexão sobre as possíveis consequências do não cumprimento das mesmas. Sob a perspectiva da autonomia, os conflitos são necessários ao desenvolvimento da criança e do jovem, devendo ser encarados como ricas oportunidade de se trabalhar valores e regras. Assim, o educador não prioriza a solução do conflito em si, mas o processo de resolução e a forma com que os envolvidos enfrentam o problema (o que se aprende com o ocorrido). Os educadores que dominam esta concepção compreendem o conflito e sua solução como partes importantes do currículo, assim como outros conteúdos que precisam ser trabalhados. E, ao invés de gastarem tempo e energia tentando preveni-los, aproveitam-nos para auxiliar os alunos a conhecerem seus próprios pontos de vista, os pontos de vista dos outros e a buscarem soluções aceitáveis, respeitosas e cooperativas. Construir na instituição educativa um ambiente favorável ao desenvolvimento de personalidades autônomas é algo complexo, ainda pouco compreendido, mas necessário se de fato queremos formar cidadãos éticos. É necessário ainda o entendimento que a ética deverá estar presente nas mais diversas dimensões da escola, tais como na relação da equipe, no trabalho docente, na postura, nos juízos emitidos, na qualidade das relações, nas intervenções da indisciplina, do bullying, na maneira como o conhecimento é transmitido, trabalhado e avaliado, nas relações com a comunidade… Passa a ser o eixo central que estrutura todas as atividades e relações.Para que haja tomada de consciência é preciso também que haja reflexão. Para isso, a moral também deve ser apresentada como objeto de estudo multidisciplinar, abrindo oportunidade de se pensar e debater sobre o tema, podendo-se utilizar como recursos: filmes, textos, teatros, murais e trabalhos artísticos. É preciso também oferecer propostas de atividades sistematizadas que trabalhem os procedimentos morais, tais como assembleias, discussão de dilemas, debates etc. Assim, possibilita-se a apropriação racional de normas e valores, o autoconhecimento, a reflexão do motivo de se agir de acordo com regras justas e necessárias, a aprendizagem de formas mais assertivas e eficazes de se resolver conflitos e, consequentemente, o desenvolvimento da autonomia.Considerando que a moral traz auto-restrições à liberdade, uma pessoa só aceitará tais restrições se fizerem sentido para ela, se lhe trouxerem o sentimento de auto-respeito, de dignidade ou de honra. Uma educação que visa efetivamente ao desenvolvimento da autonomia, e não à simples obediência conformista às regras impostas, não pode ser reduzida à transmissão de valores por meio de discursos, à imposição de normas e sanções ou a atividades estéreis.A conquista de relações equilibradas e respeitosas, o que não significa que os conflitos estarão ausentes, não é decorrente de um simples processo de amadurecimento ou de se aguardar passivamente a mudança da sociedade como pré-requisito para tanto. Essa conquista depende de todo um processo de construção e aprendizagem, visto que a criança ou o jovem não irão aprender sozinhos questões tão complexas se não foram previstas boas intervenções e oferecidas situações que contribuam para essa aprendizagem.Em vez de investirmos nossos esforços na antecipação, contenção e obtenção de um “bom comportamento” do aluno (muitas vezes por medo ou conformismo), deveríamos dirigir nossos olhares para o desenvolvimento e para a aprendizagem da autonomia. Nessa perspectiva, a ética é considerada “vacina e não remédio”, necessitando para tanto de uma contínua vivência da cidadania em um ambiente sociomoral cooperativo.

Telma Vinha é pedagoga, doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da Unicamp. Pesquisadora na área de relações interpessoais e desenvolvimento moral, é autora de O educador e a moralidade infantil e de Quando a escola é democrática: um olhar sobre a prática das regras e assembleias na escola.



[1] Um ambiente sociomoral é toda a rede de relações interpessoais que forma a experiência escolar do aluno, incluindo o relacionamento com o professor, com os colegas, com os estudos e com as regras.

sábado, 31 de março de 2012

Pessoas que beijam a realidade mudam sua vida e o mundo

         "Nossa realidade pode ser árida  como um deserto, e tudo o que temos  nsa mãos talvez sejam a apenas pedras. Mesmo assim podemos, podemos construir algo. Podemos começar de novo. Podemos mudar tudo." Este é o pensamento de  Tejon em :  O Beijo na realidade - Editora Gente
            Em seu livro ele nos relata uma história de um viajante em uma região semideserta. Esse viajante estava faminto e tudo o que via à sua frente eram pedras, muitas pedras. Enquanto viajava avistou uma casa, mas não se animou, visto que  a dona da casa era uma pessoa avarenta e nunca lhe daria de comer. Mesmo assim bateu à sua porta e foi logo dizendo: "Minha senhora, vejo que em seu jardim existem muitas pedras de um tipo especial." Curiosa ela quis saber o quanto eram especiais.
            “A senhora não sabe? São pedras que dão sopas deliciosas. Se quiser posso lhe ensinar  afazer essa sopa." Mulher gananciosa, animou-se com a economia que faria; convidou-o a entrar em sua cozinha e passou a oferecer-lhe tudo o que pedia.
           “A senhora vê? Estas são as mais saborosas", e tirava a colher do caldeirão e pingava um pouco na mão e provava. A senhora só queria saber se já estava pronta a sopa , mas o viajante só  fazia pedidos, acrescentando detalhes como:  legumes, carnes,  ao que a senhora atendia. Em determinado tempo anuncia que a sopa estava pronta e que ela deveria deixá-lo provar, pois existem pedras que são tóxicas; caso não se intoxicasse ela poderia fartar-se da sopa. A senhora logo consentiu, estava contente em saber  que poderia reaproveitar as pedras, o que geraria economia.
            Após alimentar-se, matar sua fome, o viajante segue seu caminho.
            Sua realidade eram pedras e uma mulher avarenta. Mas isto não o impediu  que saciasse sua fome  e prosseguisse a viagem.
            Pode ser só uma historia, mas ha gente que pega uma pedreira pela frente e realiza coisas maravilhosas.
            Em seus escritos Tejon nos ensina que todo progresso surge do enfrentamento da realidade. A realidade e o alicerce do sonho possível, pois sonho e o que você faz com a realidade enquanto sonha.
            Abrace a realidade e conquiste o mundo.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Matador de Dragões

            Zhuangzi, um célebre autor chinês, conta a história de Zhu Pingman, que foi procurar um mestre para aprender a melhor maneira de matar dragões. 

            O mestre treinou Pingman por dez anos seguidos, até que este conseguiu desenvolver, com perfeição, a técnica mais sofisticada que havia para matar dragões.

            A partir dali, Pingman passou o resto da vida procurando dragões, a fim de poder mostrar a todos sua habilidade. Para sua grande decepção, nunca encontrou nenhum.

            O autor da história então comenta: “Todos nós nos preparamos para matar dragões e terminamos sendo devorados pelas formigas dos detalhes, às quais nunca prestamos atenção.



Paulo Coelho, Histórias para pais, filhos e netos. 2001.

*** Ao começarmos um novo ano letivo, quando traçamos planos,elaboramos metas,não podemos dos esquecer de "olhar as formigas'; pensamos  em ações grandiosas e não nos atentamos para os detalhes que alicerçam a obra. 

Atravessando pontes : nossas escolhas e ações

   Olá amigos e leitores, gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões, neste ano de 2012.
   Em 2010 e 2011, li, conheci e estudei sobre plasticidade cerebral, modificabilidade cognitiva e aprendizagem mediada;isto em função de meu trabalho de dissertação de mestrado.Estas leituras e estudos ( Vygotsky,Feuerstein,Paulo Freire, Vitor da Fonseca,Rubem Alves e outros) consolidam minha hipótese de que a formação acadêmica e também aquela que se dá em serviço, do profissional da educação,direcionam e viabilizam a prática mediadora.
   Uma práxis pedagógica mediadora concretiza-se quando possui intencionalidade e reciprocidade.Ao conhecer e reconhecer as potencialidades daqueles que mediaremos podemos, intencionalmente,intervir e mediar os conhecimentos necessários á concretização das competências.Isto é ser 'ponte'.Ponte não serve para ligar,atravessar,ultrapassar? Nossas escolhas e ações dão sentido de "ponte"?
    Ao falarmos  do cérebro como um órgão plástico, estamos defendendo as potencialidades diversas e desconsiderando a 'cristalização', a regularidade sem flexibilidade.
    Estas linhas são somente uma provocação,futuramente detalharemos alguns questionamentos.